31.12.15

BOM ANO 2016


 
 

Amanhã, espero sempre por um amanhã

13.12.15

Será verdade?




Há pouco vi esta imagem no fb. Tinha mais de sessenta likes.
Não estou de acordo com nada do que aqui está escrito.
É um erro perigoso pensar-se que o fascismo e o racismo estão confinados a pessoas pouco cultas e, ou que viajam pouco.
O fascismo e o neonazismo são ideológicos. Sei de pessoas que viajam e leem exactamente para encontrarem argumentos para o serem. 
Não podemos branquear estas ideologias.

23.11.15

Ainda Outono

Ching Yang Tung



O nevoeiro vai descendo, transformando a percepção que temos do que já vimos em dias de sol ou chuva, o caminho é fantasmagórico
Este ou o outro banco, agora vazio e que costuma ter gente sentada, onde estivemos um dia ou vários, naqueles ou outros.
O mar de folhas estendidas pelos caminhos que levantávamos com os pés e riamos. Repara na beleza do dourado das folhas iluminadas, apontavas com o dedo e parávamos para observar e dançávamos com risos, acreditando que nada podia acabar, que sempre era a palavra de ordem.
As folhas iluminadas tão douradas, lembra-me a ausência da leveza do teu riso.

21.11.15

‘Under’ by Kevin Frilet








Só vale a pena manter uma relação com outro quando, diariamente, se consegue mergulhar sem rede nem cabos de protecção.

20.11.15

Charlie Hebdo



Já corre pelas redes sociais a última capa do Charlie Hebdo.
Sou assinante desde os anos noventa, quando o meu pai morreu prematuramente, do Charlie Hebdo. Ele era assinante desde os anos sessenta. Relíquias que guardo com imensa ‘devoção’.
Quando soube deste atentado em Paris, achei que o facto de todos terem criticado o Charlie Hebdo quando foi vítima do terrorismo, tinha minimizado os riscos que os franceses, nomeadamente, corriam. Mesmo o estado Francês não deu a devida importância a todos os franceses e europeus que têm ido e vindo de campos de treino na Síria. Não, o ataque terrorista não fora apenas ao jornal e ainda menos ‘porque eles ofenderam ou porque não têm respeito’.
A capa desta semana não vai incendiar mais os terroristas, como para aí se diz, para isso basta a guerra que a França está a desenvolver contra o DAESH.
Quem critica o Charlie Hebdo por ofensas e por mau jornalismo não conhece este jornal nem sabe do seu percurso.
É um jornal que se pautua pela critica mordaz e humorística e tem sim senhor imensa graça. Diz mal de todos e então se querem falar de ofensas, vamos a elas: ofendem os católicos, os protestantes, os judeus, os muçulmanos, o Papa, Cristo Maomé e Jeová, os heterossexuais, os gay, as lésbicas, o estado francês, os actores políticos, os escritores, os actores e actrizes, e etc.
Terá algum sentido falar de ofensa? Quando o António, cartoonista português, pôs um preservativo no nariz do Papa, alguém se lembrou de dizer que ele estava a ofender os católicos? Ah, sim, alguns facciosos que não têm nenhum sentido de humor e nem sabem o que é a mordacidade.
Poupem-me nas críticas ao Charlie Hebdo. Agradecia imenso.


15.11.15

«Paris brûle, Paris est un colére»


                                                                       Guy Bourdin 1976

16.10.15

Uma aldeia

Na aldeia onde vivo não há igreja, nem correios. Nunca houve. 
Vinha uma carrinha vermelha dos correios à quarta-feira à tarde. Era ver os desgraçados dos pensionistas, fizesse frio sol ou chuva em bicha no passeio, encostadinhos à parede na esperança de não apanharem com os pingos das goteiras, à espera que chegasse, sabe-se lá a hora a que chegam, eles é que mandam. 
A junta de Freguesia que já não é, quando teve instalações novas, ofereceu-se para fazer o trabalho dos correios. Já não temos de ir à cidade para comprar um selo, levantar uma encomenda, ou levantar a abençoada, por pior que seja, da pensão. Não senhor, agora é tudo na junta que já não é. 
No rés-do-chão da junta é a casa mortuária. Também fez jeito, já que os corpos faziam lista de espera para poderem ir para a cidade. Na melhor das hipóteses, velava-se um morto três dias depois de ter morrido, se fosse no verão. Já no Inverno a coisa complicava-se. 
Há cadeiras e um aquecimento para os dias mais frios, os familiares do morto trazem a máquina do café, vai um cafezinho, e fecha-se às dez da noite é muito mais prático.
Agora é uma alegria velar um morto

29.9.15

Um óptimo professor



Quando digo ‘há uns dias…’ já podem ter passado semanas, meses ou mesmo um ou dois anos. Quando digo ‘há uns anos’ passaram com certeza bastantes.
Um dia, há uns anos, vi numa das RTPs uma entrevista feita a Jorge Silva Melo, que falou, como sempre, de assuntos muito interessantes e falou também da influência e por que a tivera de um seu professor de filosofia, se bem me lembro, que tinha tido no liceu Camões.
Por ter ficado verde de inveja, não me teria importado ser mais velha para poder ter tido João Bénard da Costa como professor. Acho que foi a primeira e única vez que tive inveja de alguém. O que poderia ter aprendido de uma assentada de dois anos e que levei anos a aprender e, provavelmente, nunca recuperei o tempo perdido, nem aprenderei tudo o que ele me teria ensinado.
Isto vem a propósito de ter visto uma aluna, no facebook, a fazer ‘publicidade’ ao «livro escrito pela minha professora de português» Isabela Figueiredo
Desta vez não tive inveja, mas apenas por não me apetecer, nem um bocadinho, voltar a ser adolescente

20.9.15

A Europa, nós e os migrantes



Infelizmente, bem razão tinha eu há uns dias atrás.
Tínhamos atingido o limite com a morte daquela criança? Quantas mais já morreram? Quantos adultos morreram, deste então? Quantos mais terão de morrer? E crianças?
Andamos a atirar a culpa paras as chefias da Europa, aliviamos as culpas, não é nada connosco era só o que faltava, e agora para ajudar até existe a Hungria e a Croácia que também já fechou sete das oito fronteiras e continua a não ser nada connosco.
Felizes que andamos, a vida continua, é lá tão longe e, tantos de nós que tanto se comoveram com a foto da criança morta, já começamos a ter medo dos terroristas, que, como está bem de ver, arriscam-se a morrer afogados e a ficar do lado da Sérvia ou levar cargas de porrada da polícia húngara, ou então mais subtilmente, perguntamos-nos como é que são tão pobrezinhos e têm dinheiro para pagar 6.000€ a traficantes
Acusamos a Europa, essa coisa abstracta e longínqua que nos impôs a troika e impôs a maior humilhação que se pode fazer a um povo de um outro país, que não somos nós, fica lá tão longe, como eu ia dizendo essa Europa abstracta e longínqua que tem uns habitantes, não sabemos bem quais, mas não nós, somos impolutos, deus nos livrasse, andamos cheios de boa vontade, Passos Coelho é que não ata nem desata, bem como as cimeiras que nunca mais acabam e que nunca resolvem nada.
Está tudo certo, mas somos nós, com os nossos votos e com a nossa abstenção que os pusemos lá. Lá no poleiro, a todos sem excepção, mas continuamos a assobiar para o ar por não ser nada connosco.
Que asco!