23.11.15

Ainda Outono

Ching Yang Tung



O nevoeiro vai descendo, transformando a percepção que temos do que já vimos em dias de sol ou chuva, o caminho é fantasmagórico
Este ou o outro banco, agora vazio e que costuma ter gente sentada, onde estivemos um dia ou vários, naqueles ou outros.
O mar de folhas estendidas pelos caminhos que levantávamos com os pés e riamos. Repara na beleza do dourado das folhas iluminadas, apontavas com o dedo e parávamos para observar e dançávamos com risos, acreditando que nada podia acabar, que sempre era a palavra de ordem.
As folhas iluminadas tão douradas, lembra-me a ausência da leveza do teu riso.

21.11.15

‘Under’ by Kevin Frilet








Só vale a pena manter uma relação com outro quando, diariamente, se consegue mergulhar sem rede nem cabos de protecção.

20.11.15

Charlie Hebdo



Já corre pelas redes sociais a última capa do Charlie Hebdo.
Sou assinante desde os anos noventa, quando o meu pai morreu prematuramente, do Charlie Hebdo. Ele era assinante desde os anos sessenta. Relíquias que guardo com imensa ‘devoção’.
Quando soube deste atentado em Paris, achei que o facto de todos terem criticado o Charlie Hebdo quando foi vítima do terrorismo, tinha minimizado os riscos que os franceses, nomeadamente, corriam. Mesmo o estado Francês não deu a devida importância a todos os franceses e europeus que têm ido e vindo de campos de treino na Síria. Não, o ataque terrorista não fora apenas ao jornal e ainda menos ‘porque eles ofenderam ou porque não têm respeito’.
A capa desta semana não vai incendiar mais os terroristas, como para aí se diz, para isso basta a guerra que a França está a desenvolver contra o DAESH.
Quem critica o Charlie Hebdo por ofensas e por mau jornalismo não conhece este jornal nem sabe do seu percurso.
É um jornal que se pautua pela critica mordaz e humorística e tem sim senhor imensa graça. Diz mal de todos e então se querem falar de ofensas, vamos a elas: ofendem os católicos, os protestantes, os judeus, os muçulmanos, o Papa, Cristo Maomé e Jeová, os heterossexuais, os gay, as lésbicas, o estado francês, os actores políticos, os escritores, os actores e actrizes, e etc.
Terá algum sentido falar de ofensa? Quando o António, cartoonista português, pôs um preservativo no nariz do Papa, alguém se lembrou de dizer que ele estava a ofender os católicos? Ah, sim, alguns facciosos que não têm nenhum sentido de humor e nem sabem o que é a mordacidade.
Poupem-me nas críticas ao Charlie Hebdo. Agradecia imenso.


15.11.15

«Paris brûle, Paris est un colére»


                                                                       Guy Bourdin 1976